segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Podes vir 2021



Despeço-me de 2020 sem mágoas. Não foi um ano incrível, mas também não foi o meu pior ano. É difícil separar o ano que 2020 foi, de tudo aquilo que fomos condicionados a fazer e a aceitar por causa da pandemia. De tantas pessoas que morreram pela doença ou por não lhes terem sido prestados cuidados por com causa da doença. De tantas pessoas que perderam o sustento, ou o viram drasticamente reduzido porque foram condicionadas na sua actividade. Dos convívios e festas e eventos que tivemos de adiar, condicionar não tivemos de todo. Dos espetáculos que não fomos ou que vimos pela internet. Das viagens que não fizemos. Da falta de beijos e abraços prolongados.


Não queremos repetir 2020, mas entramos em 2021 com as mesmas incertezas, duvidas, cuidados e condicionantes. 


2020 não foi incrível e ficará marcado pela pandemia. 

Aqui, não perdemos nenhum membro da família em 2020, unimo-nos aos nossos familiares e amigos e estivemos aqui uns para os outros. Aceitámos e adaptámo-nos a algo que não conseguimos mudar. Sobrevivemos à escola em casa, e aproveitamos o tempo com os filhos de outra forma.

Fomos capazes de, passado o tempo de nos queixar, de olhar o covid com respeito, d seguir a nossa vida da forma que melhor conseguimos, com as ferramentas que tínhamos disponíveis.


2020 não foi um ano incrível. Mas todos os outros anos, para alguém, não foram anos incríveis. Em 2008 a empresa onde trabalhava faliu e fiquei sem emprego e sem saber o que fazer e foi sim um ano horrível. Em 2015 morreu a minha avó e foi um ano horrível. 

E 2020 foi horrível para quem perdeu quem amava, quem perdeu o sustento, quem se vê desesperado... 


Mas dizer que foi o pior ano porque ficamos confinados nas nossas casas e em teletrabalho, não pudemos viajar, tivemos filas para o supermercado, de usar máscara, não pudemos entrar nas escolas dos miúdos... é só ser injusto e ingrato com quem se debate com aquilo que perdeu: o abraço de quem partiu, o sustento da família e a segurança de um emprego, um teto e comida na mesa. 


Que 2021 traga a certeza dos abraços, da liberdade e a capacidade de nos reinventarmos e adaptarmos a todas as adversidades que a vida nos vai trazendo.


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